Climatologia, Geografia Física, Mundo Geográfico

7 min para leitura

Cúpula do Clima de NY, uma divisora de águas

Léo Miranda

30 de setembro de 2014

O encontro mudou para sempre a forma como o clima será tratado pela política internacional, segundo jornalista e professor do Grantham Research Institute da London School of Economics

por Suzana Camargo, do Blog do Clima – Planeta Sustentável

Ban Ki-moon durante discurso na Cúpula do Clima

Não, não foi assinado nenhum grande acordo mundial! A reunião entre os principais líderes globais, que aconteceu esta semana nas Nações Unidas, em Nova York, e debateu o problema das mudanças climáticas não resultou em um documento que irá obrigar os países a reduzir suas emissões. Mas nada será como antes, depois da Cúpula do Clima.

Segundo artigo publicado pelo The Guardian, o “encontro de Ban Ki-moon” – como define o bem humorado e otimista autor, Michael Jacobs – mudou para sempre a forma como o clima será tratado pela política internacional.

Vale ressaltar que o evento não era uma reunião de negociação, mas uma boa chance para líderes mundiais subirem ao palco da ONU e discursar brevemente sobre o tema. Na verdade, foram personalidades como Leonardo DiCaprio e a poetisa das Ilhas Marshall, Kathy Jetnil-Kijiner, que realmente arrancaram aplausos da plateia.

Jacobs – que é jornalista e professor do Grantham Research Institute da London School of Economics –listou cinco motivos que o fazem acreditar que a Cúpula do Clima de setembro de 2014 foi uma divisora de águas. Assinamos embaixo:

1. A maioria dos líderes globais nunca tinha feito um discurso sobre mudanças climáticas. A reunião os obrigou a se comprometer publicamente com iniciativas mais fortes. Nos próximos seis meses, os países terão que publicar seus objetivos para reduzir emissões como parte do acordo climático global a ser negociado em Paris, no ano que vem;

2. Alguns discursos realizados na Cúpula foram muito importantes, como o do vice-premiê chinês, Zhang Gaoli. Ele afirmou que o país vai definir, o quanto antes, prazo para limitar o pico de emissões de gases de efeito estufa na China – atualmente, o maior emissor de CO2 do planeta. Antes da reunião das Nações Unidas, nenhum pronunciamento oficial do governo tinha sido feito sobre esta questão;

3. Inúmeros compromissos foram assinados por empresas e governos, sem esperar por um acordo entre nações. Um grupo de bancos e instituições financeiras garantiu 200 bilhões de dólares em investimentos para projetos de baixo carbono; 2 mil cidades anunciaram reduzir suas emissões e, na sessão sobre florestas, 23 grandes corporações se comprometeram a acabar com o desmatamento na cadeia de fornecedores de óleo de palma, o que contribuiria de maneira muito positiva para a conservação das florestas tropicais;

4. A partir deste encontro, fica claro que não é necessário escolher entre crescimento econômico e redução de emissões. Ambos são compatíveis, concordaram Barack Obama e o primeiro ministro inglês David Cameron. Diminuir as emissões de CO2 pode, inclusive, determinar o desenvolvimento de umaeconomia mais forte e sustentável em longo prazo;

5. Por último – e talvez o mais importante – de acordo com Jacobs, é que a Cúpula do Clima reenergizou amobilização pelas mudanças climáticas. Cerca de 600 mil pessoas marcharam pelas ruas de Nova York no domingo, 21 de setembro, e em outras 150 cidades do mundo, como Tasso Azevedo, curador do Blog do Clima, contou. O tema estava nas principais manchetes de jornais, revistas e programas de televisão. Milhares de pessoas mostraram que sim, se importam com o aquecimento global, e exigem que seus líderes tomem uma atitude imediata para resolvê-lo. E não vão esquecer do assunto. Vão continuar acompanhando e fazendo pressão pela mudança.

 

Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/