Ciência, Geografia Física

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Nível dos oceanos pode aumentar mais rápido do que o previsto

Léo Miranda

28 de janeiro de 2017

Esforços para conter as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento atmosférico a até 2º Celsius até 2100 não serão suficientes para evitar uma catástrofe
Esforços para conter as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento atmosférico a até 2º Celsius até 2100 não serão suficientes para evitar uma catástrofe

Para estudo liderado por James Hansen, em 50 anos poderemos ver tempestades com potência nunca vista em 118.000 anos e elevação das águas em ″vários metros″.

Cientistas sugerem que o nível dos oceanos deve aumentar “vários metros nos próximos 50 anos”, o que colocaria cidades costeiras em perigo iminente de inundação. O estudo, publicado na última terça-feira na revista científica europeia Atmospheric, Chemistry and Physics, alega que os esforços para conter as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento atmosférico a até 2º Celsius até 2100 não serão suficientes para evitar uma catástrofe.

De acordo com o líder da pesquisa, James Hansen, da Universidade de Columbia e ex-pesquisador da Nasa, sem uma redução dramática da emissão de gases de efeito estufa, a população mundial “chegará a um ponto sem retorno”. Hansen é um famoso pesquisador que, em 1980, foi um dos pioneiros a alertar o mundo sobre os perigos das mudanças climáticas.

A equipe de pesquisadores americanos utilizou modelagens de dados climáticos, informações sobre o histórico do clima ao redor do globo e observações modernas dos oceanos e mantos de gelo para compreender o derretimento das calotas na Groenlândia e na Antártica. Isso possibilitou que os especialistas projetassem um cenário futuro: alterações na circulação de águas frias e quentes no Atlântico permitiriam o aumento dos oceanos em décadas, e não em séculos, como previsto consensualmente pelos cientistas até agora. De acordo com o pesquisador, os estudos realizados anteriormente não utilizaram métodos que levassem em consideração a resposta dos oceanos à correlação entre o aumento da temperatura e do nível dos mares.

Hansen alerta ainda que, junto ao aumento dos oceanos, no futuro poderemos ver uma maior discrepância entre as temperaturas de trópicos e polos. Isso permitiria tempestades de potência nunca vista desde o último período interglacial, há 118.000 anos. Mesmo que a pesquisa não seja um consenso, ela reabre o debate sobre a inundação de cidades costeiras (assunto levantado há alguns anos) utilizando computadores mais tecnológicos e com modelos mais sensíveis do que no início dos anos 2000.

Fonte: Veja