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Rússia: que país é esse?

Léo Miranda

19 de março de 2014

12jun2012---manifestantes-carregam-bandeira-russa-gigante-durante-protesto-em-massa-da-oposicao-de-moscou-nesta-terca-1339527184364_956x500 A recente crise geopolítica entre Ucrânia e Rússia tornou-se tema recorrente das principais manchetes no mundo, e não parece estar perto de um desfecho rápido, mesmo considerando a recente aprovação da separação da Crimeia do território ucraniano, e a proclamação da independência unilateralmente. As reportagens e análises de especialistas tem em sua maioria apontado para uma disputa aos moldes da extinta Guerra Fria, do lado “aliado” aos ucranianos estão Estados Unidos e a União Europeia (maior e mais rico bloco econômico do mundo), e de outro Rússia (a sombra dessa potência também a China). A atuação russa na Crimeia tem sido atribuída principalmente a enorme riqueza mineral disponível nessa península do Mar Negro (petróleo e gás natural, principalmente); a significativa parcela de russos que vivem nessa região (70% da população); e a presença de uma importante base naval ucraniana “alugada” até 2042  para os russos (localizada na cidade Sebastopol); e ao fato dessa península já ter pertencido a Federação Russa no passado (em 1954 os russos cederam a Crimeia à Ucrânia).   _73340564_ukraine_gas_pipelines_624_v3 No entanto pouco tem se falado sobre a própria Rússia, que nos últimos anos tem  participado intensamente do cenário geopolítico mundial. O nome correto dessa parte do mundo, na verdade é Federação Russa. A Rússia é a principal república desse que é o maior território do mundo, ele ocupa dois continentes, e está localizado entre médias e altas latitudes (região polar) da Europa e da Ásia. russia De acordo com a última contagem populacional, a Federação Russa tem hoje 142,8 milhões de habitantes, uma população relativamente pequena para um território gigantesco. Boa parte desse contingente populacional reside na parte europeia (80%) , concentrando-se nas duas principais cidade russas, Moscou e São Petersburgo.  Chama atenção o decréscimo populacional, a taxa de mortalidade (óbitos em um ano) supera a taxa de natalidade (nascidos vivos em um ano), em virtude principalmente do envelhecimento e da baixa quantidade de nascimentos.   Outro fato importante quando analisamos a população da Federação Russa: ela é composta por 130 etnias! Alguns desses povos discordam do domínio russo, e por isso, organizam-se em movimentos nacionalistas, no intuito de reivindicar um território próprio. Soma-se ao intenso nacionalismo as diferenças religiosas, 79% dos russos são adeptos da Igreja Ortodoxa, um ramo do cristianismo originado durante o Império Romano. A outra religião que apresenta elevado número de adeptos é o Islamismo (10,5% da população). Esse caldeirão étnico ao longo da história russa foi alvo de manobras políticas, cuja intenção era a de evitar fragmentações territoriais e controlar movimentos nacionalistas. Durante o governo de Joseph Stalin (1924-1953) e de Leonid Bréjenev (1964-1982), as repúblicas do Cáucaso (sul da Federação Russa) e da região do mar Negro (como a Ucrânia), começam a ser ocupadas por pessoas de nacionalidade russa propositalmente. Aqueles que não eram russos, como os chechenos, os ucranianos, os tártaros foram enviados para outras partes do país, dessa forma o governo russo obteve o controle parcial dessas porções do território. US President Obama greets Cuban President Castro at the memorial service for Nelson Mandela in Johannesburg O atual presidente russo, Vladimir Putin, que está em seu terceiro mandato (1999-2003; 2004-2008; 2012-) sempre atuou com mãos firmes na repressão dos movimentos nacionalistas, mas também em relação aos opositores ao seu governo. Sua aprovação por boa parte dos russos é elevada em virtude principalmente da retomada do crescimento econômico após a terrível década de 1990, quando a economia russa se viu a beira do colapso, com várias denúncias de corrupção, formação de impérios financeiros particulares as custas da privatização das empresas públicas a preço banana, e também do crescimento da máfia russa. Em todos seus mandatos Putin fez questão de mostrar que a força militar russa não foi totalmente destruída com o fim da Guerra Fria. Recentemente, o tom do discurso se acirrou, primeiro com o apoio explicito ao ditador Bashar al Assad, responsável por um sangrenta guerra civil na Síria desde de 2011. Em 2013 os russos decidem bater de frente novamente com os Estados Unidos, concedem asilo político àquele que foi o homem mais procurado pelos estadunidenses, Edward Snowden,  ex-técnico da Agência de Segurança Nacional (NSA), que escandalizou o mundo com a divulgação de informações obtidas através da espionagem por parte dos EUA. O último episódio da atuação geopolítica russa no mundo se encontra na região na Ucrânia. Governados por Viktor Yanukovich (pró-Rússia), a população ucraniana declarou a intenção de adesão do país à União Europeia no final de 2013. A resposta veio rapidamente por meio de massacres promovidos pelo exército ucraniano, com o apoio irrestrito russo. Após a renúncia do presidente Yanukovich, os russo mudam de foco, passam apoiar a independência da Crimeia, último reduto russo na Ucrânia. Putin já declarou, a Crimeia será anexada pela Federação Russa. Os contrários a essa anexação: Estados Unidos, União Europeia e Ucrânia. Estamos na iminência de uma nova guerra (mundial, talvez)? Essa é um pergunta difícil de respondida, mas além do conflito armado, nos dias atuais existem outras formas de “guerra”, as sanções econômicas. Os russos correm o risco de isolarem na política e na economia,  preço alto em um mundo globalizado. Então é isso pessoal. Até a próxima. Forte abraço, Léo.