Nos últimos meses os noticiários mundo afora concentraram atenção nos desdobramentos da crise econômica que se intensificou na Grécia, país berço da democracia, de renomados filósofos e belíssimas paisagens. Localizada no Sul da Europa, a península grega vive um cenário econômico assustador. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, a dívida pública chegou a 164,3% do Produto Interno Bruto do país (PIB), enquanto a taxa de desemprego atingiu a casa de 27,3%.
Quando a crise começou?
Na verdade a crise grega foi gestada durante boa parte da década de 1990 e 2000. Em 2009, a crise financeira mundial (originalmente estadunidense), fez com que os grandes bancos mundiais, bem como as principais instituições financeiras aumentassem os juros sobre empréstimos contraídos (ou por serem contraídos). Dessa forma, a Grécia dependente de empréstimos para manter as contas públicas em dia, elevou os gastos, sem contudo aumentar a receita. Em uma comparação simples, assim como uma pessoa que se descontrola com os gastos no cartão de crédito, e acaba gastando mais do que ganha, os gregos passaram a gastar muito mais do que suas receitas permitiam.
Em avançado processo de envelhecimento, os gastos com aposentadorias cresceram substancialmente, e ao mesmo tempo a reposição da População em Idade Ativa (PIA) foi afetada por um crescimento vegetativo de -1% . Ou seja, além de envelhecimento ter produzido um elevado gasto previdenciário, a economia em geral foi desaquecida pelo encolhimento do mercado de trabalho, somado aos baixos investimentos no setor produtivo.
O Euro será abandonado?
Essa possibilidade ainda está sendo avaliada. A saída da Grécia da Zona do Euro (17 países dos 28 membros) promoveria um retorno da moeda local (o Dracma), que por ser desvalorizado em relação ao Euro, promoveria um aumentos dos ganhos com exportações, mas por outro elevaria substancialmente a dívida grega (cotada em Euro), sem contar que impactaria na credibilidade do país, pois os investidores internacionais passariam a desconfiar ainda mais da capacidade grega de honrar o pagamento da dívida, o que reduziria os investimentos externos no país.
Por outro lado, o abandono da Zona do Euro seria encarada com uma possibilidade real também para outros países em situação semelhantes, como Portugal, Itália, Irlanda e Espanha, o que poderia levar ao colapso da União Econômica e Monetária acordada em 1992/3 no Tratado de Maastricht (Holanda).
Primeiro Ministro: Aléxis Tisípras, eleito em janeiro de 2015.
Qual a saída?
Essa pergunta tem promovido acaloradas discussões no mundo. O Banco Central Europeu, juntamente com o Fundo Monetário Mundial (do qual o Brasil é credor), defendem a adoção de medidas de austeridade econômica. Seguindo o velho e polêmico conselho da ex-premmiê britânica Margaret Thatcher, “o remédio é amargo, mas o paciente necessita”, os credores da dívida grega passaram a exigir a adoção de medidas como o aumento de impostos, cortes no quadro de funcionários públicos, e um aumento da idade mínima para a aposentadoria, bem como a revisão das regras de benefícios sociais como o seguro desemprego, além de várias privatizações de empresas estatais (inclusive de ilhas).
Qual foi a resposta do povo grego?
Os gregos disseram em alto e bom som NÃO às medidas de austeridade propostas em um plebiscito realizado no mês de junho passado. Porém, mesmo com a vitória do NÃO, o primeiro ministro grego Aléxis Tísipras juntamente com o apoio de parte do congresso nacional, aprovou a adoção de parte das medidas de austeridade propostas pelos credores, como forma de liberar a última parcela do empréstimo de aproximadamente 231 bilhões de euros concedido logo no início da crise. Em resposta, o povo grego foi as ruas, greves foram convocadas, porém a situação do país ainda é incerta.
Forte abraço!
Léo!