O Mist, que reúne México, Indonésia, Coreia do Sul e Turquia, cresce a olhos vistos e conquista o favor de investidores internacionais. Os mercados financeiros gostam de modas e siglas. A marca Bric -Brasil, Rússia, Índia e China- foi cunhada em 2001 pelo banco Goldman Sachs, com grande sucesso. Mas a coqueluche do momento é o Mist.
O novo acrônimo se refere a México, Indonésia, Coreia do Sul (cujo nome, em inglês, começa com “s”) e Turquia. A novidade tem substrato econômico: em 2012, até o início de agosto, os mercados acionários do Mist acumulavam uma alta de 12%, contra apenas 1,5% dos Brics (acrescida do “s” de África do Sul).
Os Brics se tornaram o grande caso de marketing que se incorporou ao léxico porque comunicou de forma direta e simples um fenômeno real, o rápido crescimento de um grupo de países. Ele ganhou corpo na última década e alterou o equilíbrio de poder global.
Esses agrupamentos, no entanto, dizem pouco sobre os países. Não se deve tomar a mera presença na sigla por similaridade. Divergem os regimes políticos, os recursos naturais e a base econômica.
Elemento comum a todos, porém, é a presença de um fator que no passado chegou a ser considerado obstáculo para o desenvolvimento, especialmente na Ásia -as grandes populações respectivas.
Com a atual disseminação de processos produtivos e abundância de capital, população e crescimento da produtividade são considerados dois indicadores robustos da posição relativa das nações -ao menos segundo o conceito restrito do PIB.
Os países do Mist somam quase 500 milhões de habitantes, 45% a mais que a população da zona do euro. Suas economias têm a dimensão da alemã, com PIB total de US$ 4 trilhões, e contam com altas projeções de crescimento.
Mesmo assim, é preciso considerar fatores individuais. O México, por exemplo, tem atraído mais capital e nos próximos dois anos terá desempenho melhor que o do Brasil, graças ao ganho consistente de produtividade e à proximidade com os EUA em recuperação.
A Turquia, por seu lado, tem posição geopolítica privilegiada, entre Europa, Oriente Médio e Ásia. Entre suas fragilidades estão a dependência do petróleo importado e grandes deficit externos.
No conjunto, os membros do Mist têm peso suficiente para fazer diferença nas perspectivas de crescimento global, a despeito da incerteza nas projeções. Esta é a boa notícia. A incógnita é o impacto de sua inclusão numa ordem política global já tão fragmentada.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/60478-o-bloco-da-vez.shtml