(Foto: Reuters)
No final de 2015 o preço do barril de petróleo começou a atingir valores que ligaram a luz de alerta dos principais produtores mundiais. Cotado próximo de US$30, 00 o barril (em dezembro de 20015), os países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a maior parte deles localizados no Oriente Médio, passaram a buscar estratégias para realavancar as vendas, como por exemplo, aumentando o comércio dessa importante commodity mineral com a China, e outros países do Sudeste Asiático, como a Coreia do Sul.
A estratégia, porém, começou a apresentar problemas quando a economia chinesa passou a apresentar instabilidades que até então não haviam sido observadas, principalmente com a desaceleração do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
Algumas perguntas surgem nesse momento:
1a) Por que o preço do petróleo começou a cair?
Essa sem dúvida é a pergunta mais importante a ser feita. Ela não tem uma única resposta, mas sim um conjunto. A principal delas: a redução das importações de petróleo pelos Estados Unidos, maiores consumidores de petróleo mundiais (+ ou – 19 milhões de barris/dia). Os estadunideses passaram a produzir gasolina e diesel por meio do Xisto Betuminoso, uma rocha metasedimentar cujo nome correto é Folhelho (é assim que escreve mesmo), que pode ser betuminoso, ao abrigar um óleo similar ao petróleo tradicional, ou pirobetuminoso, em que a matéria orgânica (querogênio) é sólida, e para se transformar em óleo tem que ser aquecida.
O aumento significativo de combustíveis através do óleo de xisto, reduziu drasticamente as importações do petróleo do Oriente Médio e da Venezuela, país sul-americano altamente dependente da venda do petróleo.
Produção e Importação de Petróleo pelos Estados Unidos (mi/barris por dia)
Observe que a linha cinza (das importações) reduziram-se drasticamente a partir de 2013, enquanto a produção obteve rápido crescimento.
2a) Por que os países mantiveram a produção em alta, mesmo com os preços em queda?
Os 12 países pertencentes à OPEP mantiveram a produção elevada de petróleo como forma de desestimular a cara produção de combustíveis estadunidense pela extração de xisto. O argumento é simples, em tese seria mais barato importar petróleo da OPEP ao invés de investir pesado na cara extração de betume por meio do Xisto. Contudo, com a maior reserva de Xisto do mundo, os estadunidenses não deram muita atenção aos argumentos da OPEP.
3a) E a Venezuela?
Detentora da maior reserva de petróleo do mundo (algo próximo de 290 bi/barris), a Venezuela tem a sua economia perigosamente dependente das exportações de petróleo. A queda nos preços significou o caos econômico do país, que nunca se preocupou muito em reinvestir o dinheiro obtido com o petróleo no desenvolvimento da produção industrial interna, importando quase todas as mercadorias que sua população consome, do leite aos artigos de higiene pessoal.
Com a queda das vendas e do lucro obtido por intermédio delas, o governo venezuelano de Nicolás Maduro passou a ser alvo de duras críticas da própria população (principalmente a parcela mais abastada), que passou a contar com longas filas em supermercados para adquirir mercadorias básicas, inclusive com o controle da quantidade comprada! Ou seja, com estoques em baixa, o governo venezuelano está em uma tremenda enrascada econômica e política.
4a) Por que o preço dos combustíveis não cai no Brasil?
Essa é uma outra história complicada. Apesar da queda dos preços do barril de petróleo o preço dos combustíveis no Brasil vem aumentado, principalmente em virtude dos prejuízos da Petrobras verificados nos últimos anos, fruto dos desvios (que foram revelados pela Operação Lava Jato), de uma política de congelamento dos preços combustíveis até 2014, como forma de conter o aumento da inflação (temos que lembrar que os combustíveis estão entre as principais fontes de gastos no Brasil), além da necessidade de grandes aportes financeiros na extração do Pré-Sal, uma extração cara, por ocorrer em grandes profundidades, a uma enorme distância da costa, e com tecnologias muito caras (mesmo que algumas nacionais).
Temos que lembrar que, para que um poço de petróleo do Pré-Sal seja explorado, a Petrobras tem que injetar recursos, pois ela é sócia de todos os poços de petróleo da camada Pré-Sal (mesmo aqueles explorados por empresas estrangeiras). Soma-se a todos os problemas, a elevada carga de impostos que incidem sobre o preço dos combustíveis no Brasil, e a elevação do preço do dólar. Vale lembrar que o Brasil importa petróleo do tipo leve (o de melhor qualidade), que é misturado ao petróleo pesado/denso encontrado na maior dos poços nacionais (exceto Pré-Sal), para que seja possível o refino e a produção de gasolina, diesel entre outros.
Subsidy (subsídios) > ajuda financeira dos governos locais (no caso do gráfico, só na Malásia)
Cost of petrol/gasolina > custo do petróleo/gasolina (barril – 60 litros)
Tax > impostos que incidem sobre a produção
5a) As novas tecnologias de energia tema alguma relação com a queda dos preços do petróleo?
Sim! Temos observado um aumento do uso de fontes energéticas menos poluentes e em geral obtidas através de fontes renováveis, como os ventos (energia eólica), e solar. À medida que o uso dessas fontes aumenta, reduz o espaço do petróleo da matriz energética, principalmente dos países desenvolvidos (e grandes consumidores de petróleo).
Capacidade Global e Anual Instalada de Energia Eólica (1997-2014)
Crescimento da Energia Solar Fotovoltaica no Mundo (2000-2014)
No mais é isso galera! Vamos esperar as cenas dos próximos capítulos!
Forte abraço!
Léo!