Atualidades

8 min para leitura

Terroristas, ditadores, perseguição a minorias étnicas… O que é Geopolítica?

Léo Miranda

31 de março de 2014

 

850_400_paises-mais-afetados-pelo-terrorismo

Todos os dias acompanhamos por meio dos noticiários  situações envolvendo guerras, ataques terroristas, perseguições a minorias étnicas, disputas por territórios, ameaças de ditadores, entre outras. Na maioria das vezes as notícias são abordadas de forma bastante descritiva, ou seja, não fica claro o que as motivou, ou mesmo quais são os seus desdobramentos para a região em que acontecem ou para o mundo.  Nos costumamos as classificá-las genericamente como “atualidades”.

Normalmente atribuímos essas situações a “geopolítica”, mas afinal, o que ela é? A Geopolítica  nasceu da aproximação entre Geografia e o Estado, ela é uma estratégia e ao em mesmo tempo um ideologia de domínio geográfico. A Geografia política, por outro lado, contempla a adoção de conhecimentos geográficos, principalmente aqueles ligados ao espaço na organização política do Estado.

E o Estado, o que é? Instituição política soberana, que detém o poder maior, instituído segundo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) pelo contrato social (fruto do consenso social), o que confere ao Estado a legitimidade do poder exercido. Em um Estado monárquico o rei é o indivíduo que exerce a soberania (que detém o poder), já no Estado liberal,  inaugurado com a Revolução Francesa em 1789, e na Inglaterra com a transição do absolutismo para o liberalismo, o poder soberano do rei é substituído pela soberania nacional, expressa pela eleição dos governantes e na limitação do poder executivo por representantes também eleitos (Magnoli, 2013).

O termo Geopolítica passou a ser empregado pelos alemães no início do século XX como justificativa à política externa de expansão territorial alemã. Formada com um Estado-Nação (país) ao final do século XIX,  a Alemanha largou tarde demais no processo industrialização (em comparação as demais potências europeias), e por isso teve dificuldades em  obter mercados  e matérias-primas, enquanto todas as outras potências industriais se beneficiavam de seus projetos coloniais, principalmente na África.

Nesse momento Friedrich Ratzel (1844-1904),  geógrafo e intelectual do Estado alemão formula  a teoria do “espaço vital” para explicar o expansionismo territorial alemão. Para Ratzel  “Espaço é poder”, ou seja, o progresso de um Estado-Nação (país) é explicado pela expansão de seus domínios territoriais, pois isso significaria a ampliação do acesso aos recursos naturais necessários ao fortalecimento econômico e militar dos Estados.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Geopolítica atinge o seu auge, tornando-se efetivamente um projeto de Estado, e servindo com diretriz central na orientação das ações de guerra. Um dos principais expoentes desse época, o general Karl Haushofer (1869-1946), foi responsável por orientar as ações de Hitler. Ele defendia que a Geopolítica deveria ser a “consciência” geográfica do Estado (Magnoli, 2013).

Na América, a Geopolítica emerge através da atuação estadunidense no início do século XIX, com a chamada “Doutrina Monroe”, uma tentativa de justificar atuação hegemônica dos Estados Unidos no continente americano a partir da máxima “América para os americanos”, claramente um projeto ideológico de expansão dos domínios políticos e territoriais.

Ainda nos Estados Unidos, durante o século XIX, surge a concepção que a hegemonia americana passaria pelo controle naval dos oceanos Atlântico e Pacífico. O almirante  Mahan (1840-1914), interpretava os Estados Unidos como uma ilha-continente, ou um país com amplas saídas para esses dois oceanos, sem grandes ameaças nas suas fronteiras continentais (México, ao Sul, e  Canadá, ao Norte). As ideias de Mahan levaram a construção de um enorme poder naval estadunidenses, com o controle quase que total do mar do Caribe, e parcial do Pacífico (disputado com o Japão).

Já na Inglaterra, o geógrafo Mackinder (1861-1947),  ao contrário do almirante Mahan, elaborou a concepção de geopolítica do “Heartland” , um espaço crucial para a consolidação do poder continental de um Estado. Esse espaço geográfico, quando conquistado, levaria a nação que o conquistou a um poderio incontrastável (Magnoli, 2013).

mapa novo

Fonte: MAGNOLI, Demétrio. O mundo contemporâneo. 3. ed. São Paulo: Atual, 2013.

 Então é isso,

Forte abraço,

Léo.